terça-feira, 11 de abril de 2017

A presidente do IBDI, Alyne Andrade foi a palestrante do segundo dia de EXPOFACOL

Disponível em: http://www.portalpontofest.com/galeria/?aid=MTM0Ng==

Mulher Empreendedora - Inspiração

Referência no mercado publicitário, recentemente ela fundou a BETC São Paulo. Fique por dentro de sua trajetória e confira seus conselhos valiosos.
Formada em Administração de Empresas com pós-Graduação em Semiótica do Texto Publicitário, Gal Barradas tem 25 anos de experiência no mercado publicitário brasileiro. Já trabalhou em grandes agências como DM9, Duda Propaganda, W/Brasil, AgênciaClick, F/Nazca, MPM Propaganda, e foi sócia e CEO da F.biz. A executiva ainda foi indicada duas vezes ao Prêmio Caboré, ganhou o Prêmio APP em 2009. Ao invés de se acomodar em sua zona de conforto, ela resolveu investir em um novo projeto, e atualmente é CEO da BETC São Paulo. Conheça a trajetória desta incrível mulher.
Como surgiu a BETC?
Tenho uma carreira no mercado publicitário há 25 anos, atuando em grandes agências na área de Estratégia e Negócios. Com o acúmulo de experiência, vamos consolidando visões e crenças. Assim, quando saí da F.biz, onde eu era sócia e Presidente, recebi o convite do Erh Ray, meu atual sócio, para me unir ao projeto da expansão da rede BETC, que pretendia vir para o Brasil. A BETC foi fundada em Paris há 20 anos, e hoje é uma rede do grupo Havas. Em 2011, veio a unidade de Londres e em 2014, em São Paulo. Os próximos passos são EUA e Ásia. Eu já era fã da marca e me identifiquei imediatamente com a filosofia da empresa e com a visão dos sócios-fundadores, que ainda são líderes da Rede. Assim, fundamos a BETC São Paulo em fevereiro de 2014, com o desafio de desenvolver a marca no Brasil partindo do zero, gerando negócios no mercado local.
Como você se preparou para assumir este novo desafio?
Procurei planejar meus movimentos de carreira, entendendo que cada passo não poderia significar uma "mudança de emprego", mas sim um passo na construção de uma carreira sólida, procurando deixar legados. Quando aceitei empreender a BETC no Brasil, me senti segura de que as minhas experiências anteriores me dariam ferramentas e habilidades para o desafio.
Quais os maiores desafios que você encontrou até agora, e como tem feito para superá-los?
Numa startup, nada é simples. É a arte de equilibrar o sonho com a planilha de custos. Temos que ser muito criteriosos na montagem da equipe, pois além de determinados skills, as pessoas têm que ter mind set para atuar numa empresa deste tipo, inicialmente com muitos sonhos e poucos recursos. Além do mais, abrimos a agência num período em que a economia brasileira não está no seu melhor momento, e a indústria da comunicação passa por uma transformação profunda em todo o mundo. Neste aspecto, uma startup tem muitas vantagens, pois sua estrutura e seu modelo de remuneração já nascem alinhados a uma nova demanda de mercado.
Na sua opinião, quais os seus maiores acertos até o momento?
Governança e Pessoas. Nosso time inicial era de pessoas que já tinham trabalhado comigo ou com o meu sócio. Isso nos deu muita confiança na qualidade do trabalho, mesmo com recursos internos reduzidos. Além disso, numa startup, governança é fundamental para se manter um crescimento sustentável.
Você é considerada referência em branding. Quais seus conselhos para a empreendedora conseguir extrair todo o potencial de seus negócios na criação da marca?
A promessa da marca deve ser clara e visível nos produtos ou serviços que ela entrega, bem como na maneira como ela se comunica. Esta é uma poderosa ferramenta capaz de alavancar negócios, porque fica mais fácil administrar processos e resultados. Por outro lado, é essencial evitar ciladas, como acreditar que a comunicação pode fazer um negócio superar suas deficiências. Pelo contrário, a comunicação chamará a atenção para a marca e é preciso que ela entregue o que prometeu. Deixar de cumprir estas expectativas pode gerar custos altos, como por exemplo, custo de geração do lead sem conversão em negócio, além de fomentar detratores.
Quais seus conselhos para a empreendedora posicionar e fortalecer a sua marca?
Estude o mercado para encontrar um espaço onde sua marca possa ser percebida com diferenciação; deixe claras as suas promessas; tome um partido; esteja disposta a ouvir e se comunicar com seus consumidores - eles vão lhe dar informações preciosas para você possa criar ou aprimorar produtos, serviços e comunicação; invista em qualidade em todos os sentidos: na sua comunicação, na sua marca, na sua programação visual, no atendimento, no serviço, no produto - uma boa experiência é a melhor ferramenta de fidelização.
Que livros ou sites você considera essenciais para quem quer trabalhar melhor a sua marca?
Recomendo fortemente a leitura dos livros POSICIONAMENTO de AL Ries e Jack Trout, e BRANDING, de Tim Calkins, Alice Tybou (Kellogg School of Marketing). Eles trazem excelentes visões teóricas e práticas para um posicionamento de marca bem sucedido. Como leitura periódica, acho ótimo o conteúdo da Harvard Business Review.
Quais seus planos para o futuro?
Além do meu trabalho como publicitária, invisto numa startup de orientação e controle financeiro para mulheres brasileiras. No futuro, pretendo participar de outras startups que, como esta, pretendam contribuir para a transformação positiva da sociedade.
Para saber mais:
Disponível em: https://imulherempreendedora.com.br/posts/gal-barradas-conheca-mais-sobre-esta-expert-em-branding

'Despreparada para a era digital, a democracia está sendo destruída',

Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/geral-39535650?SThisFB

sábado, 1 de abril de 2017

Os livros eletrônicos gozam de imunidade tributária

Imunidade tributária
http://www.dizerodireito.com.br/2017/03/os-livros-eletronicos-gozam-de.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+com%2FrviB+%28Dizer+o+Direito%29
Imunidade tributária consiste na determinação feita pela Constituição Federal de que certas atividades, rendas, bens ou pessoas não poderão sofrer a incidência de tributos.
Trata-se de uma dispensa constitucional de tributo.
A imunidade é uma limitação ao poder de tributar, sendo sempre prevista na própria CF.
As normas de imunidade tributária constantes da Constituição objetivam proteger valores políticos, morais, culturais e sociais essenciais e não permitem que os entes tributem certas pessoas, bens, serviços ou situações ligadas a esses valores.

Imunidade do art. 150, VI, “d”, da CF/88
O art. 150, VI, “d”, da CF/88 prevê que os “livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão” gozam de imunidade tributária quanto aos impostos:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI – instituir impostos sobre:
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.

Vamos estudar um pouco mais sobre esta previsão:

Nomenclatura
É chamada pela doutrina de imunidade tributária “cultural” ou “de imprensa”.

Razão de sua existência
Esta imunidade foi prevista pelo legislador constituinte como uma forma de fomentar a difusão da cultura, do ensino e da liberdade de expressão, evitando que tais manifestações fossem impedidas ou dificultadas por força do pagamento de impostos.

Histórico desta imunidade
O Min. Dias Toffoli, em rico voto no RE 330817/RJ, aponta as razões históricas que motivaram a previsão desta imunidade.
No período histórico conhecido como Estado Novo (1937 a 1945), o Governo cobrava elevado imposto dos jornais que divulgavam ideias contrárias ao regime quando estes importavam papeis. Por outro lado, concediam benefícios fiscais aos jornais partidários do Governo. Era uma forma de censura indireta.
A Constituição Federal de 1946, com o intuito de acabar com este controle estatal da imprensa, conferiu imunidade tributária ao “papel” e, além disso, com o objetivo de estimular a produção editorial, também estendeu esta imunidade para os livros.
A Constituição Federal de 1967 manteve a imunidade, prevendo que era vedado criar imposto sobre “o livro, os jornais e os periódicos, assim como o papel destinado à sua impressão” (art. 20, III, d).
A Constituição Federal de 1969 (para alguns, apenas uma Emenda Constitucional à CF/67) manteve a imunidade, com pequena alteração em seu texto.

Imunidade objetiva
As alíneas “a”, “b” e “c” do inciso VI do art. 150 da CF/88 tratam de imunidade subjetiva.
A imunidade desta letra “d” (imunidade cultural) é classificada com objetiva (ou real). Isso porque recai apenas sobre bens (livros, jornais, periódicos e o papel) e não se refere a impostos pessoais.
“A aplicação da imunidade independe da pessoa que os produza ou que os comercialize; ou seja, não importa se se está diante de uma editora, uma livraria, uma banca de jornal, um fabricante de papel, um vendedor de livros, do autor ou de uma gráfica, pois o que importa à imunidade é o objeto e não a pessoa.” (Min. Dias Toffoli).

Exemplos dessa imunidade
Quando o livro sai da gráfica, não paga IPI; quando é vendido pela livraria, não paga ICMS; quando é importado, não paga Imposto de Importação.

Estão fora da imunidade cultural
Pelo fato da imunidade cultural não ser subjetiva, a gráfica, a livraria e o importador pagarão IR por conta da renda que obtiverem. Isso porque as pessoas (sujeitos) que trabalham com livros, jornais, periódicos etc. não gozam de imunidade.
De igual forma, não é qualquer bem que goza da imunidade, mas tão-somente os livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. Assim, por exemplo, a imunidade não abrange:
• os carros da editora/jornal (deverão pagar IPVA);
• os imóveis da editora/jornal (deverão pagar IPTU).

O conteúdo do jornal, da revista ou do periódico influencia no reconhecimento da imunidade? O Fisco pode cobrar o imposto se a revista não tiver “conteúdo cultural”?
NÃO. Não importa o conteúdo do livro, jornal ou periódico. Assim, um livro sobre piadas, um álbum de figurinhas ou uma revista pornográfica gozam da mesma imunidade que um compêndio sobre Medicina ou História.
O STF já reconheceu que até mesmo as listas telefônicas são imunes (AI 663747 AgR).
Em suma, todo livro, revista ou periódico é imune, considerando que a CF/88 não estabeleceu esta distinção, não podendo ela ser feita pelo intérprete (STF RE 221.239/SP).

Imunidade incondicionada
A norma constitucional que prevê a imunidade cultural é dotada de eficácia plena e aplicabilidade imediata, não precisando de lei para regulamentá-la. Por essa razão, é classificada como uma imunidade incondicionada (não depende do preenchimento de nenhuma condição prevista em lei, bastando ser livro, jornal, periódico ou o papel destinado à sua impressão).

Conceito de livros
O conceito de livro deve ser utilizado em sentido amplo. Assim, incluem-se aqui os manuais técnicos e as apostilas (STF RE 183.403/SP).

Livros veiculados em formato digital (e-books) estão abrangidos pela imunidade?
SIM. A imunidade de que trata o art. 150, VI, “d” da CF/88 alcança o livro digital (“e-book”). O STF, apreciando o tema sob a sistemática da repercussão geral, fixou a seguinte tese:

A imunidade tributária constante do art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal (CF), aplica-se ao livro eletrônico (“e-book”), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo.
STF. Plenário. RE 330817/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/3/2017 (repercussão geral) (Info 856).

Segundo afirmou o STF, a imunidade do art. 150, VI, “d”, da CF/88 não abrange apenas os livros produzidos pelo “método gutenberguiano”.
Antes de prosseguir na explicação do julgado, é importante esclarecer uma curiosidade: Johann Gutenberg foi um alemão que, no século XV, teria inventado (ou aperfeiçoado) a máquina de impressão tipográfica. Antes dele, os livros eram todos manuscritos. Assim, o primeiro livro impresso do mundo foi feito na máquina desenvolvida por este alemão. Trata-se de uma Bíblia em latim, que ficou historicamente conhecida como a “Bíblia de Gutemberg”.
Desse modo, quando o STF fala em livro produzido pelo “método gutenberguiano”, o que ele está querendo dizer é livro impresso.
Voltando ao julgado.
O livro pode ser veiculado em diversos tipos de suporte, seja ele tangível (ex: papel) ou intangível (ex: digital). Aliás, no passado, os livros já foram feitos de diferentes materiais: entrecasca de árvores, folha de palmeira, bambu reunido com fios de seda, placas de argila, placas de madeira, pergaminho (proveniente da pele de carneiro) etc.
Isso tudo nos leva à conclusão de que o papel é apenas um elemento acidental no conceito de livro.
Quando se fala que algo é um elemento acidental, isso significa que ele pode existir ou não. Ao contrário, quando se diz que algo é um elemento essencial, obrigatoriamente ele tem que estar presente.
O papel é um elemento acidental (e não essencial) do conceito de livro. Em outras palavras, existe livro mesmo sem papel.
Nas palavras do Min. Dias Toffoli: “o suporte das publicações é apenas o continente (“corpus mechanicum”) que abrange o conteúdo (“corpus misticum”) das obras e, portanto, não é o essencial ou o condicionante para o gozo da imunidade.”
O fato de os livros eletrônicos permitirem uma maior capacidade de interação com o leitor/usuário (a partir de uma máquina), em comparação com os livros contidos nos códices (livros impressos em papel), não é motivo para se negar a eles a imunidade tributária. O aumento dessa interação é natural e está ligado ao processo evolutivo da cultura escrita trazendo novas funcionalidades como a busca de palavras, o aumento ou a redução do tamanho da fonte etc. Além disso, o usuário pode carregar consigo centenas de livros armazenados no leitor digital. Isso tudo facilita a difusão da cultura.

Os “e-readers”, ou seja, aparelhos eletrônicos utilizados exclusivamente para ler livros digitais também gozam da imunidade tributária? Ex: um Kindle (Amazon), Lev (Saraiva), Kobo (Livraria Cultura) também estariam protegidos pela imunidade tributária?
SIM. O avanço na cultura escrita fez com que fossem criadas novas tecnologias para o suporte dos livros, como o papel eletrônico (“e-paper”) e o aparelho eletrônico para leitura de obras digitais ( “e-reader”). Tais aparelhos tem a função de imitar a leitura em papel físico. Por essa razão, eles estão igualmente abrangidos pela imunidade cultural, por equipararem-se aos livros tradicionais.
Assim, a partir de uma interpretação teleológica conclui-se que a regra de imunidade alcança também os aparelhos leitores de livros eletrônicos (“e-readers”) confeccionados exclusivamente para esse fim.
Vale ressaltar que a maioria dos “e-readers” possuem algumas funcionalidades acessórias ou rudimentares, como a possibilidade de acesso à internet para fazer o “download” dos livros digitais, dicionários, possibilidade de alteração de tipo e tamanho da fonte, marcadores, espaçamento, iluminação do texto etc. Essas funcionalidades são acessórias e têm por objetivo permitir a função principal: a leitura. Por essa razão, mesmo com essas funcionalidades, os “e-readers” são considerados como um suporte utilizado exclusivamente para fixar o livro eletrônico e, portanto, gozam de imunidade.

É possível ler livros digitais em “smartphones”, “tablets” e “laptops”. Isso significa que eles também devem gozar de imunidade tributária?
NÃO. O STF afirmou que a imunidade tributária aplica-se ao livro eletrônico e aos “suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo”.
Um “smartphone”, um “tablet” ou um “laptop” não podem ser considerados suportes utilizados exclusivamente para fixar um livro eletrônico. Ao contrário, tais aparelhos possuem centenas de funcionalidades e a leitura de livros digitais neles é apenas uma das possibilidades, podendo até mesmo ser considerada secundária.
Dessa forma, os tablets não gozam da imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “d”, da CF/88.

Imagine que o livro digital está contido dentro de um CD-Rom, sendo assim vendido para o público. Esse CD-Rom gozará de imunidade tributária?
SIM. Neste caso, o CD-Rom é apenas um corpo mecânico ou suporte. Aquilo que está nele fixado (seu conteúdo textual) é o livro. Por essa razão, tanto o suporte (o CD-Rom) quanto o livro (conteúdo) estão abarcados pela imunidade do art. 150, VI, “d”, da CF/88.

A imunidade tributária alcança também o audiolivro (“áudio book”)?
SIM. Para que seja considerado livro e possa gozar da imunidade não é necessário que o destinatário (consumidor) tenha necessariamente que passar sua visão pelo texto e decifrar os signos da escrita.
Dessa forma, a imunidade alcança o denominado “audio book” (audiolivro), ou seja, os livros gravados em áudio e que estejam salvos em CD, DVD ou qualquer outro meio.
Essa é a conclusão a que se chega a partir de uma interpretação teleológica da norma, que tem por objetivo garantir a liberdade de informação, a democratização e a difusão da cultura, bem como a livre formação da opinião pública.
Vale relembrar que os audiolivros cumprem importante função social por permitirem levar cultura e informação aos cegos e também aos analfabetos.

Havia um argumento no sentido de que durante os debates da constituinte de 1988 foi aventada a possibilidade de se incluir os livros digitais na imunidade e que isso teria sido expressamente rejeitado, o que revelaria a intenção do legislador de restringir o benefício ao livro físico. Essa alegação é pertinente?
NÃO. Segundo defendeu o Min. Dias Toffoli, o argumento de que a vontade do legislador histórico foi restringir a imunidade ao livro editado em papel não se sustenta em face da própria interpretação histórica e teleológica do instituto.
Ainda que se partisse da premissa de que o objetivo do legislador constituinte de 1988 tivesse sido restringir a imunidade, seria de se invocar, ainda, a interpretação evolutiva, método interpretativo específico das normas constitucionais.
Os fundamentos racionais que levaram à edição do art. 150, VI, “d”, da CF/88 continuam a existir mesmo quando levados em consideração os livros eletrônicos, inequívocas manifestações do avanço tecnológico que a cultura escrita tem experimentado.
Utilizando-se de uma interpretação evolutiva da norma, chega-se à conclusão de que os livros eletrônicos estão sim inseridos no âmbito dessa imunidade tributária.

Componentes eletrônicos que compõem o material didático. Imagine a seguinte situação: determinada editora comercializa fascículos (uma espécie de apostila) nas quais ensina como montar computadores. O consumidor que compra esses fascículos recebe também, dentro deles, pequenos componentes eletrônicos para que ele possa aplicar, na prática, aquilo que está lendo na apostila. Quando a editora vai adquirir esses componentes eletrônicos para colocar nos fascículos, tais bens serão também imunes?
SIM. A parte impressa (fascículos) e o material demonstrativo (componentes eletrônicos) formam um conjunto com o qual se ensina como montar as placas de computadores.
O Min. Marco Aurélio afirmou que o dispositivo constitucional que garante imunidade tributária a livros, jornais, periódicos e ao papel destinado a sua impressão deve ser interpretado de forma ampliada para abranger peças e componentes a serem utilizados como material didático que acompanhe publicações.
O art. 150, inciso VI, “d”, da CF/88 deve ser lido de acordo com os avanços tecnológicos ocorridos desde sua promulgação, em 1988. Desde então, ocorreram diversos avanços no campo da informática.
O Direito, a Constituição e o STF não podem ficar avessos às transformações, sob pena de se tornarem obsoletos. Afirmou ainda que, na medida do possível, o Supremo deve ser intérprete contemporâneo das normas. Para o Ministro, o “constituinte originário não poderia antever tamanho avanço tecnológico”.
No caso concreto, essas pequenas peças nada representam sem o curso teórico, ou seja, as ditas “pecinhas” nada mais são do que partes integrantes dos fascículos, estando, portanto, esse conjunto abarcado pela referida imunidade tributária.
O STF apreciou o caso sob a sistemática da repercussão geral e fixou a seguinte tese:

A imunidade da alínea “d” do inciso VI do art. 150 da CF/88 alcança componentes eletrônicos destinados, exclusivamente, a integrar unidade didática com fascículos.
STF. Plenário. RE 595676/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/3/2017 (repercussão geral) (Info 856).

Jornais
Os jornais gozam de imunidade, mesmo que contenham publicidade em seu corpo (anúncios, classificados etc.), considerando que isso constitui fonte de renda necessária para continuar a difusão da cultura (Ricardo Alexandre).
Contudo, algumas vezes, junto com o jornal vêm alguns folhetos separados contendo publicidade de supermercados, lojas etc. Tais encartes publicitários não são parte integrante (indissociável) do jornal e não se destinam à difusão da cultura (possuem finalidade apenas comercial), razão pela qual NÃO gozam de imunidade (RE 213.094/ES).

Papel
O papel utilizado para a impressão de livros, jornais e periódicos também é imune.
Não importa o tipo e a qualidade do papel. Basta que ele seja utilizado para a produção de livros, jornais e periódicos.
Esta imunidade não alcança o barbante, a liga, a cola e outros insumos utilizados na produção e que não sejam papel.

(...) O Supremo Tribunal Federal possui entendimento no sentido de que a imunidade tributária prevista no art. 150, VI, d, da Constituição Federal deve ser interpretada restritivamente e que seu alcance, tratando-se de insumos destinados à impressão de livros, jornais e periódicos, estende-se, exclusivamente, a materiais que se mostrem assimiláveis ao papel, abrangendo, por consequência, os filmes e papéis fotográficos. Precedentes. (...)
(RE 504615 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, julgado em 03/05/2011)

A imunidade pode abranger filmes e papéis fotográficos:
Súmula 657-STF: A imunidade prevista no art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal abrange os filmes e papeis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos.

Chapas de impressão: NÃO são imunes
A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, "d," da CF/88 deve ser interpretada finalisticamente à promoção da cultura e restritivamente no tocante ao objeto, na medida em que alcança somente os insumos assimiláveis ao papel.
STF. 1ª Turma. ARE 930133 AgR-ED, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/09/2016.

Listas telefônicas: são imunes
A edição de listas telefônicas goza de imunidade tributária prevista no art. 150, VI, "d", da CF/88.
A imunidade tributária prevista em prol de livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão, ostenta caráter objetivo e amplo, alcançando publicações veiculadoras de informações genéricas ou específicas, ainda que desprovidas de caráter noticioso, discursivo, literário, poético ou filosófico.
STF. 1ª Turma. RE 794285 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 24/05/2016.

Papel para propaganda: não é imune
Os veículos de comunicação de natureza propagandística de índole eminentemente comercial e o papel utilizado na confecção da propaganda não estão abrangidos pela imunidade definida no art. 150, VI, "d", da CF/88, uma vez que não atendem aos conceitos constitucionais de livro, jornal ou periódico contidos nessa norma.
STF. 2ª Turma. ARE 807093 ED/MG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 05/08/2014.

Serviços de distribuição de livros, jornais e periódicos: NÃO são imunes
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de que a distribuição de periódicos, revistas, publicações, jornais e livros não está abrangida pela imunidade tributária da alínea “d” do inciso VI do art. 150 da CF/88.
STF. 2ª Turma. RE 630462 AgR, Rel. Min. Ayres Britto, julgado em 07/02/2012.

Serviços de composição gráfica: NÃO são imunes
Segundo o STF, as prestadoras de serviços de composição gráfica, que realizam serviços por encomenda de empresas jornalísticas ou editoras de livros, não estão abrangidas pela imunidade tributária prevista no art. 150, VI, d, da CF.
As empresas que fazem composição gráfica para editoras, jornais etc. são meras prestadoras de serviço e, por isso, a elas não se aplica a imunidade tributária.
STF. 2ª Turma. RE 434826 AgR/MG, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min. Celso de Mello, julgado em 19/11/2013 (Info 729).

sábado, 4 de março de 2017

08/03/2017: Em Lisboa Na data comemorativa do Dia Internacional da Mulher, o Instituto de Direito Brasileiro da FDUL e o NELB - Núcleo de Estudantes Luso-brasileiro organizam o Encontro in Memoriam de Isabel Magalhães Collaço "Dia Internacional da Mulher: igualdade de direitos", a realizar na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. As inscrições podem ser realizadas através do seguinte link: https://lnkd.in/dNptwee Mais informações e programação: https://lnkd.in/dBNd9xB https://lnkd.in/dwyGXNF
http://www.fd.ulisboa.pt/wp-content/uploads/2017/02/Programa-1.pdf

From diet pills to underwear: Chinese firms scramble to grab Ivanka Trump trademark

Disponível em: https://www.washingtonpost.com/world/asia_pacific/from-diet-pills-to-underwear-chinese-firms-scramble-to-grab-ivanka-trump-trademark/2017/02/24/9a6ecea4-fa96-11e6-9b3e-ed886f4f4825_story.html?utm_term=.5751be5b7360

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Dia do Inventor: acompanhe a série sobre criatividade e direitos de PI

Todo 4 de novembro é comemorado o Dia do Inventor. A data busca incentivar o emprego da criatividade para gerar inovações que possam trazer benefícios para a sociedade, movimentar a economia e se traduzir em renda para os inventores.
Inovar exige esforço, mas não significa reinventar a roda. Produtos muito conhecidos e lucrativos partiram de ideias simples, como o escorredor de arroz e o cortador de sachês, criados por brasileiros.
 Para homenagear os inventores do Brasil e estimular a proteção de suas invenções por meio da propriedade industrial, o INPI vai divulgar uma série de vídeos informativos sobre o tema de 4 a 11 de novembro nas redes sociais e aqui no portal. Acompanhe.
Hoje (4/11), abrindo a série, o Instituto veiculou uma mensagem comemorativa do presidente Luiz Pimentel. Assista ao vídeo.
Também no dia 4, para marcar a data comemorativa, o INPI realizou uma palestra para cerca de 50 estudantes do curso de Engenharia de Produção da UNISUAM, no Rio de Janeiro. A palestra contou com participação de Alexandre Lourenço, do INPI, e do inventor Leopoldo Almeida. Confira o vídeo da palestra no perfil do INPI no Facebook
Proteja seus ganhos 
Todo inventor deve buscar o reconhecimento dos direitos sobre sua invenção. Isso é possível por meio da patente – um título temporário que garante a exclusividade de exploração comercial da invenção, assim como sua cessão ou licenciamento a terceiros. 
Dessa forma, é possível ter retorno econômico do esforço inventivo. Em contrapartida, as informações sobre o desenvolvimento do invento ficam abertas ao público. 
A patente pode valer para uma nova tecnologia (seja de produto ou processo) ou para utensílios e ferramentas que tenham recebido melhorias de uso. 
O pedido no Brasil é feito no INPI, que analisará três aspectos básicos: novidade (o objeto não ter sido divulgado), atividade inventiva (não ser óbvio) e possibilidade de aplicação industrial.
A patente vale para o país em que foi pedida pelo período de 20 anos (patente de invenção) ou 15 anos (patente de modelo de utilidade).
http://www.inpi.gov.br/noticias/dia-do-inventor-acompanhe-a-serie-sobre-criatividade-e-direitos-de-pi/view